A Câmara de Maringá sediou na noite desta quarta-feira (9) uma reunião pública com foco no combate à violência contra crianças e adolescentes. O evento, proposto pelo vereador Italo Maroneze (PDT), reuniu especialistas, profissionais da área, os vereadores e representantes da sociedade civil para discutir soluções e políticas públicas de enfrentamento às múltiplas formas de violência que atingem o público infantojuvenil.
Entre os temas debatidos estavam as cinco principais formas de violência reconhecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente: física, psicológica, sexual, institucional, negligência e abandono. O objetivo foi propor ações concretas de prevenção e combate, além de fortalecer redes de proteção.
O vereador Italo Maroneze destacou a urgência de trazer o tema à discussão pública. “Reunimos lideranças, autoridades e pesquisadores para debater formas de erradicar as violações contra nossas crianças e adolescentes. Infelizmente, a violência sexual, física e psicológica ainda é uma realidade muito presente em nossa cidade. Com a reunião de hoje, conseguimos aprofundar o debate e pensar políticas públicas mais efetivas”, afirmou.
Dados apresentados durante o encontro evidenciam a gravidade do problema. De acordo com o projeto Cadê Paraná, do Centro Marista de Defesa da Infância, em 2023 o Disque 100 recebeu uma denúncia de violência sexual contra crianças ou adolescentes a cada 17 minutos. Em 73% dos casos, não era a primeira vez que a violência ocorria. Casos de violência física foram registrados a cada dois minutos, enquanto a violência psicológica foi denunciada a cada 30 segundos, com altos índices de reincidência e maioria das ocorrências dentro da própria casa.
A psicóloga e professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Eliane Maio, alertou para o aumento da visibilidade desses crimes. “A violência contra crianças e adolescentes sempre existiu, mas agora está mais evidente. A cada seis minutos, uma criança é estuprada e esses são apenas os casos denunciados. É uma realidade subnotificada. Precisamos de políticas públicas firmes voltadas à prevenção e à proteção”, ressaltou.
O presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Ailton José Morelli, também destacou a necessidade de romper o silêncio que ainda envolve esse tipo de violência. “Existe violência contra crianças em Maringá. Violência sexual, violência doméstica, violência de fome e bullying. Precisamos levar essa discussão para dentro das escolas, envolver os próprios adolescentes e criar mais canais para que eles possam falar. A denúncia é a principal forma de acessar os serviços que temos e também de melhorar esses serviços”, enfatizou.
Morelli ainda lembrou dos principais canais de denúncia disponíveis no município, como o Disque 100, o 125 (canal local), o Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes) e o Conselho Tutelar. “A quebra do silêncio é o primeiro passo para qualquer ação concreta de proteção”, completou.
A reunião pública “Maringá Unida: Combatendo a Violência contra Crianças e Adolescentes” foi realizada no Plenário Ulisses Bruder e contou com a presença de representantes da OAB, da Universidade Estadual de Maringá, do CMDCA, e de instituições da área da educação, saúde e assistência social.