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Uso da Tribuna: Indígenas, os primeiros habitantes do território nacional
Assessoria de Imprensa - CMM 29/04/2025

Mais do que uma história de povoamento, pode-se dizer que a história do povoamento indígena pode ser entendida como despovoamento (IBGE), sobretudo se pensarmos a partir da ocupação do território nacional por outros povos no século XVI.


Com o objetivo de celebrar o ‘Abril Indígena’ lembrando da importância dos direitos, valores e autonomia dos indigenistas, a Câmara de Maringá, por meio da vereadora Professora Ana Lúcia (PDT), convidou para uso da tribuna, na sessão ordinária desta terça-feira (29,) o membro do Conselho Cultural da Associação Indigenista de Maringá (Assindi) e professor universitário, Tadeu dos Santos.


A vereadora sublinhou a trajetória de Tadeu, indígena Kaingang, que passou por um ciclo de formação na UEM, obtendo a titulação como doutor em história.


“Trago uma frase do vereador de Lorena (SP), Daniel Mundurucu: ‘não é o indígena que precisa ser integrado à sociedade, é a sociedade que precisa integrar o indígena em seu coração”.


Tadeu dos Santos abriu seu discurso, agradecendo a oportunidade das escolas municipais terem matérias de cultura e história dos povos indígenas no Paraná- projeto de lei de autoria da Professora Ana Lúcia - e contou um pouco de sua história.


“Há 30 anos eu buscava minha identidade como descendente e hoje eu me declaro indígena Kaingang porque meu povo está na região da Lapa - entre Curitiba e Santa Catarina -, um grupo disperso desde 1800, resultado de doenças e perseguições, assim como outros grupos do país que se perderam do seu coletivo”.


Santos ressaltou a importância das demandas dos povos indígenas, principalmente sobre o Marco Temporal - referente a ocupação de terras - e frisou não serem distorcidas e não normatizadas as falas racistas sobre autodeclaração e autodeterminação para os indígenas urbanos, “povos sem florestas, sem cocar, sem língua”.


“Neste contexto histórico se erguem altares a pioneiros imaginários, supostos desbravadores de um Sertão que sempre pertenceu à Mãe Natureza, e dela ecoamos os cantos e os passos dos nossos ancestrais. Parece agressivo assimilar o marco histórico desses colonizadores, mas é o mesmo tom que utilizam com o Marco Temporal”, afirmou.


Santos lembrou do histórico de destruição da ocupação europeia. “Os invasores chegaram do Ocidente com suas embarcações, sedentos de riquezas, deixando um rastro de doença e escravidão. Transformaram a Mãe Terra em mercadoria, enquanto contaminaram mentes com a especulação e a apropriação ao reger bens materiais.

Cercaram e pavimentaram tudo, erguendo cidades que ostentam um falso progresso e, nele, a segregação que forja o status social, enquanto nós definhamos em reservas impostas”, disse.


Por fim, Santos afirmou que “os indígenas não são a causa dos conflitos”. “Nós sempre estivemos aqui, enraizados nesta Terra a que pertencemos. Perdemos nossas vozes ancestrais para ecoar a verdade. Para nós, indígenas, guardamos a memória viva dos tempos em que éramos livres e prósperos”.


Números

Segundo o IBGE em seu último censo demográfico (2022), o Brasil conta com 11.693.535 indígenas, o que representa 0,83% do total de habitantes; pouco mais da metade (51,2%) da população indígena está concentrada na Amazônia Legal.


Distribuição de indígenas no país:

Região Norte: 753.357 indígenas (44,48%)

Região Nordeste: 528,8 mil indígenas (31,22%)

Região Centro-Oeste: 199.912 (11,80%)

Região Sudeste: 123.369 indígenas (7,28%)

Região Sul: 88.097 (5,20%)


Uso da Tribuna: Indígenas, os primeiros habitantes do território nacional
Uso da Tribuna: Indígenas, os primeiros habitantes do território nacional
Tadeu dos Santos, professor universitário e membro do Conselho Cultural da Associação Indigenista de Maringá (Assindi)